quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Discutindo signos - índices e sinais

Levando em consideração as definições de Luis Pietro para os termos:
Índices – signos não-intencionais
Sinais – signos intencionais

“No campo da representação, os signos, verbais ou não, são em princípio todos sinais, na medida em que são teoricamente todos intencionais; o que não os impede de serem também índices (de outra coisa, que não de seu denotado principal); o que não impede a presença de uma multidão de signos índices que podem não ser considerados, voluntariamente, pelo encenador ou pelo ator, e que, no entanto, funcionam” (UBERSFELD, 2005, p.11)

          Em outras palavras, podemos considerar que todos os signos de uma montagem teatral sejam sinais, à medida em que cada elemento (a intenção das falas, o tom de voz, a movimentação cênica, o figurino, os adereços, o cenário, a iluminação, os efeitos sonoros e/ou a trilha,  etc.) foi “pensado” e definido, a partir de determinada “intenção”, pretendida pelo encenador, pelo ator ou pelo grupo – ao menos e o que se espera de um trabalho desenvolvido com compromisso e seriedade.  É preciso estar consciente, porém, que por mais definida que esta “intenção” possa ser, cada escolha feita abre margem para inúmeras interpretações, de acordo com a história de vida,  com as experiências socioculturais e políticas do expectador, que podem ser completamente diferentes do objetivo inicial proposto (por isso podem ser também considerados índices). 
          Assim, um detalhe na maquiagem que torne, involuntariamente, mais agressivo o olhar do personagem; alguns centímetros a mais ou a menos no comprimento de um figurino ou um leve coxear (porque o ator havia torcido o pé, naquele dia, por exemplo), ainda que sejam por motivo casual ou acidental, podem alterar completamente a percepção do expectador com relação ao personagem ou à peça... Estes detalhes podem ser aliados ou prejudicar o resultado almejado, mas, sem dúvida alguma, irão acrescentar informações à leitura da cena. 

          Seja como for, é preciso ter bem claro que cada mínimo detalhe funciona como um signo, no espaço cênico, e interfere na peça. Nada passa “em branco” pela plateia, tudo é visto, notado, “entendido” de alguma forma... Ainda que não seja a forma que se desejava. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário